A hora dos profissionais multifuncionais
Atualmente, o mercado de trabalho busca a figura de um novo personagem: o profissional multifuncional, ou polivalente, aquele apto ao exercício de diversas atividades ao mesmo tempo. Essa busca é resultado da competitividade e da instabilidade vividas pelas organizações, obrigando os profissionais deste novo milênio a atuar multifuncionalmente.
Se antes o sonho de estudantes que ingressavam no Ensino Superior era concluir os estudos, especializar-se em sua área de formação e poder viver os diferenciais de possuir um “diploma”, agora esses sonhos têm sido alterados pela necessidade da sobrevivência no mercado de trabalho.
O profissional polivalente é o profissional do presente e do futuro. Segundo dados recentes do Ministério do Trabalho, de cada dez brasileiros com curso superior, sete exercem atividades diferentes daquelas para as quais estudaram. Trata-se de uma nova tendência. Hoje, é preciso atender às exigências do mercado, pois apenas assim se conquista espaço nas organizações, cujos departamentos estão cada vez mais enxutos – pela globalização e desenvolvimento tecnológico e pela crise econômica vivida.
Entramos no século XXI, o século do conhecimento, do estudo permanente e continuado. Formar-se em curso superior não é mais suficiente. Hoje é necessário estar sempre se atualizando e se qualificando através de especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado.
Porém, quando tocamos nesse assunto, os dados começam a preocupar. Não é segredo que o nível de desenvolvimento humano de um país depende, necessariamente, da qualidade da educação promovida por suas instituições. Mas essa relação fica ainda mais clara quando se realiza uma análise dos números da pós-graduação stricto sensu, ou seja, dos programas de mestrado e doutorado direcionados para aquelas pessoas que já possuem um diploma de graduação e realizam pesquisa acadêmica sobre um assunto específico.
Para se ter uma ideia, a Alemanha, com uma taxa de 18,6 doutores a cada mil habitantes, exporta US$ 183,4 bilhões anuais em tecnologia de ponta, enquanto o Brasil, que tem pouco mais de 1,4 doutor a cada mil habitantes, exporta apenas US$ 8,8 bilhões. Mas, se o número de mestres e doutores brasileiros ainda é insuficiente quando comparado ao de outras potências globais, houve avanços nos últimos anos, especialmente com a criação de novas universidades e cursos de pós-graduação stricto sensu nas instituições particulares de ensino.
O número de cursos de mestrado e doutorado mais que dobrou em treze anos: se, em 2000, havia 1.439 programas disponíveis, em 2013 esse número saltou para 3.486. Ainda assim, de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a quantidade não está necessariamente relacionada à qualidade
(...) é preciso estar predisposto a aceitar mudanças e desafios constantes.
Ademais, os profissionais precisam ter competências que sejam direcionadas para a geração de negócios para a empresa. Entretanto, nem todos os indivíduos estão preparados para acompanhar essas transformações e mudanças que o mundo do trabalho está exigindo.
O ambiente de trabalho, hoje, é extremamente competitivo e seletivo, fazendo com que o crescimento e os resultados de uma organização sejam obtidos à custa das competências pessoais, e não só de habilidades técnicas. São pré-requisitos para ter espaço no mercado de trabalho atual: agilidade, coletividade e capacidade de gerar valor agregado ao produto. O profissional de hoje precisa ter habilidade para trabalhar em equipe, compatibilizar inteligência, experiência e expertise, transformadas em valores éticos, e ter uma visão global, mesmo que não trabalhe fora do País. E talvez o mais importante: é preciso estar predisposto a aceitar mudanças e desafios constantes.
Muitas vezes, o profissional se prepara apenas através do estudo, com graduação, pós-graduação, cursos, idiomas, e quando chega ao seu objetivo dentro de uma empresa, acomoda-se. É a partir desse momento que uma carreira pode entrar em declínio. A justificativa está no fato de que as empresas contratam pela atitude, porque as atividades profissionais todos são capazes de aprender e desenvolver.
O profissional que se destacará no perfil do mercado de trabalho atual é aquele que sai da descrição do cargo e vai para a ação. Cada oportunidade em uma empresa é como se fosse uma nova escola ou faculdade: há muito que se aprender. Um profissional com diferentes experiências pode trazer novas ideias e não simplesmente continuar fazendo o que era padrão.